A Assembleia Legislativa debateu na manhã desta quinta-feira, 07, a relação entre os médicos e os planos de saúde. O objetivo foi alertar os planos de saúde sobre a insatisfação dos médicos com o valor pago pelos procedimentos. Os médicos afirmam que os reajustes feitos pelos planos de saúde, não são repassados para os profissionais. A iniciativa do deputado e médico Leonardo Nogueira (DEM/RN) contou com a presença de representantes do Conselho Regional de Medicina (CRM/RN), Associação Médica, Sindicato dos Médicos, de diversos profissionais da saúde, e de representantes do Ministério Público. “Os médicos não sabemos da nossa força. Não deveríamos estar passando por estes problemas”, defendeu o parlamentar.
No primeiro pronunciamento da audiência o Presidente da Associação Médica, Álvaro Barros, disse que o maior prejudicado é o associado que depende do plano, e ameaçou os convênios que administram os planos de saúde. “O convênio que não vier negociar com a classe, vai perder os profissionais. Nós vamos parar. Há dois anos convidamos os planos para negociar e eles não aparecem”. Álvaro Barros criticou a postura da Agencia Nacional de Saúde (ANS). “A ANS não protege o médico, só regulamenta o que é bom para os convênios”.
Os médicos dizem que alguns planos pagam até R$20 por uma consulta, quando por acordo deveriam estar pagando no mínimo, R$33. O presidente do Conselho Regional de Medicina do RN, Jeancarlo Cavalcante, lembrou que os médicos perderam muito prestígio e poder aquisitivo nos últimos anos. “Perdemos prestígio e poder aquisitivo, e a principal causa é hoje a saúde suplementar”, defendeu Jeancarlo. O presidente do Sindicato dos Médicos, Geraldo Ferreira Filho, alertou que o desequilíbrio entre os reajustes repassados aos clientes, não tem acompanhado os reajustes dados aos médicos. “Esta paralisação do atendimento aos planos de saúde hoje é um grito de protesto. Não podemos mais aceitar estas distorções”.
Uma assembleia na Associação Médica na noite de hoje vai definir os caminhos adotados pelos médicos diante desta questão. Mas o promotor Alexandre Cunha Lima, que vai mediar as reivindicações, se disse assustado com a denúncia dos médicos sobre interferência dos planos nas decisões que deveriam ser estritamente técnicas. “É preocupante a interferência nos procedimentos médicos. Planos dizendo o que pode fazer, que remédio prescrever. Vamos investigar a falta de autonomia”.
O Presidente da Sociedade de Cardiologia do RN, Itamar Oliveira, denunciou que a especialidade que representa é a que mais sofre pressão dos planos por causa do custo mais elevado nos procedimentos. “Eu passo muito tempo escrevendo carta, justificando procedimentos óbvios. Qualquer dia desses vou escrever para o Papa para prescrever uma aspirina”. Segundo o cardiologista toda a categoria composta por 150 profissionais no Estado estão parados.
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